O Banco Central (BC) vai colocar no ar, nesta segunda-feira (dia 14), um novo site para a consulta ao “dinheiro esquecido” por brasileiros em instituições financeiras, montante que pode chegar a R$ 8 bilhões, segundo estimativas da autoridade monetária nacional. A busca será feita pela página valoresareceber.bcb.gov.br.
Para resgatar os valores, será preciso ter uma conta na plataforma Gov.br, que pode ser criada pelo site Acesso (https://sso.acesso.gov.br) ou pelo aplicativo Gov.br. O dinheiro será liberado a partir de 7 de março.
O anúncio da ferramenta de consulta, no fim de janeiro, atraiu uma demanda bem maior do que a esperada. Nas poucas horas em que o Sistema de Valores a Receber (SVR) ficou disponível, houve 8,5 mil pedidos de resgate, totalizando mais de R$ 900 mil, segundo o Banco Central. Mas o site do BC logo saiu do ar por conta do grande volume de acessos. Depois de três semanas com o serviço inoperante, amanhã será possível voltar a fazer a busca, mas agora apenas pela página criada exclusivamente para isso.
O novo sistema traz instruções de como fazer o resgate de valores. Uma mudança importante é que não será mais possível acessar o SVR com o login do serviço Registrato, como ocorreu quando a consulta foi lançada, no mês passado.
— Muito provavelmente, o Banco Central deve reforçar sua infraestrutura de nuvem para dar conta do alto nível de acessos simultâneos, algo muito semelhante ao que aconteceu com a Caixa Econômica, quando esta enfrentou instabilidade em seu serviço de contas digitais em 2020 — observa Cristiano Vicente, líder científico de Tecnologia da Informação do GT Group.
Para André Miceli, coordenador do MBA Blended em Marketing e Mídias Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), embora o BC tenha aumentado a capacidade de tráfego de dados, não é possível descartar que novas instabilidades ocorram no sistema:
Quando há aumento de demanda, se nada for feito em relação a esse gerenciamento, possivelmente vai cair de novo.
O economista Gustavo Martins chegou a constatar em janeiro que tinha valores a receber e pediu a devolução por Pix. Mas, depois que o site saiu o ar, apenas um dos depósitos caiu na conta indicada por ele.
Segundo o Banco Central, nesta primeira fase de devoluções, há cerca de R$ 3,9 bilhões a serem resgatados por 24 milhões de pessoas físicas e jurídicas. Os valores referem-se a contas correntes ou poupanças encerradas ainda com saldo disponível; tarifas, parcelas ou obrigações relativas a operações de crédito cobradas indevidamente, desde que a devolução esteja prevista em um termo de compromisso assinado pela instituição financeira com o BC; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de beneficiários e participantes de cooperativas de crédito; e recursos não procurados relativos a grupos de consórcio encerrados.
No decorrer deste ano, ainda serão liberados para consulta valores esquecidos decorrentes de tarifas, parcelas ou obrigações relativas a operações de crédito cobradas indevidamente, previstas ou não em um termo de compromisso com o BC; contas de pagamento pré-pagas e pós-pagas encerradas com saldo disponível; contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários encerradas com saldo disponível; e outras situações previstas pelas instituições financeiras. Esse montante deverá somar R$ 4,1 bilhões, chegando ao total de R$ 8 bilhões estimado pelo Banco Central.

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